FACTOTUM
Ontem finalmente perdi a preguiça e fui assistir a um filme.
Fui com a Raquel assistir a Factotum. Ontem peguei a
tarde para circular pela Paulista, avendida de minha
paixão. A Paulista representa tudo de Sampa para mim.
Depois de circular pelas Livrarias Belas Artes e Cultura e
bater um papo com um rapaz superlegal da Cultura,
encontrei-me de chofre com a Raquel. Visitamos algumas
lojas e decidimos assistir ao Chinasky. Vê-se claramente
que é um filme para um público específico. E eu, não obstante
esse meu jeito de burguês periférico, senti-me bem à vontade.
Uma porque gosto de Bukowski. Li algumas coisas suas e
principalmente a sua biografia. Para mim escritor é nesse estilo.
Outra: tive a honra de sair com um texto -- motivo desse blog --
O SIMULACRO DO FUTURO, na respeitável revista de literatura
e arte Coyote. E por mera coincidência quem estava lá perfilando
junto ao meu nome?: Charles Bukowski... Então deu pra sentir
que o burguês aqui é só fachada... Quem me vê
assim, nas fotos abaixo, pensa que eu nunca fui um Chinasky
na vida... Meu, trabalhei como office-boy, xerocador
de acetato, arquivista, auxiliar administrativo, regulador de
sinistro, sócio de oficina mecânica, consultor de uma
concessionária de automóveis importados, corretor de seguros,
sócio de uma consultoria, e agora como professor
eventual... Sempre perambulando como Chinasky... A diferença é
que fiquei perambulando dez anos na mesma empresa... Até que
os caras se tocaram que eu era um verdadeiro Chinasky und lebewohl...
Eu fui, por exemplo, um dos primeiros grevistas
da companhia de seguros e de todos os securitários;
e o primeiro também que levou a turma para o Paulistano
da Glória, tia Olga e para umas tias lá na Ipiranga...
Num famoso fast foda...
Outra diferença: nunca fui de maconha (e nada contra, seu imbecil)
embora o Chinasky só fume cigarros no filme...
Beber....eu só não bebia água de bateria...
Mulheres... sai de baixo...que eu era problema...
E quem me conhece sabe como era a fera...
Mas para quem tem uma visão schmal do filme, vai
pensar que o cara só mudo pra lá e pra cá, pícaro, cigarro, mete e bebe...
E é aí que está o grande lance de Chinasky...
Chinasky é um barfly mas não é violento, ele é um homem godotiano...
A sua preguiça é um atentado ao sistema capitalista...
Como numa cena em que a Raquel com muita argúcia sacou:
ele arromba um carro para furtar umas quatro ou cinco guimbas...
Mas ele não está nem aí se é último tipo ou não... Ele só quer
alimentar o seu vício... Sem falar que o cara era um escritor...
Sabe aquele escritor de Rilke...Outra cena legal também:
ele é apresentado a um Paul Rabbit que se apresenta
como outro escritor...
Mas o conceito não bate...
É o chamado silêncio eloqüente...
Já aconteceu isso comigo...
Certa vez deixei o meu Granizos num sebo da Aurora, de
graça, e depois de duas semanas, voltei para bater um papo com o
sebeiro, e ele me disse: ' por que você não escreve livro de auto-ajuda e
mais grosso...' E eu lhe respondi: mas eu escrevo livro de auto-ajuda...
Mas voltando ao Factotum: Chinasky vive a lentidão do tempo...
É o mundo externo que se ajusta aos seus ponteiros da vida e não o
contrário...
Eu poderia estar falando mais de Chinasky...
Mas pela minha própria desídia Chinaskiana não dá...
Só sei que quando saí, eu tinha tomado aquele porre de saudade...
Mas os meus ponteiros àquela hora já estavam todos atrasados...
Por isso saí correndo sem vergonha pelas ruas de Sampa dançando
na chuva com a mea querida Raquel...
Ontem finalmente perdi a preguiça e fui assistir a um filme.
Fui com a Raquel assistir a Factotum. Ontem peguei a
tarde para circular pela Paulista, avendida de minha
paixão. A Paulista representa tudo de Sampa para mim.
Depois de circular pelas Livrarias Belas Artes e Cultura e
bater um papo com um rapaz superlegal da Cultura,
encontrei-me de chofre com a Raquel. Visitamos algumas
lojas e decidimos assistir ao Chinasky. Vê-se claramente
que é um filme para um público específico. E eu, não obstante
esse meu jeito de burguês periférico, senti-me bem à vontade.
Uma porque gosto de Bukowski. Li algumas coisas suas e
principalmente a sua biografia. Para mim escritor é nesse estilo.
Outra: tive a honra de sair com um texto -- motivo desse blog --
O SIMULACRO DO FUTURO, na respeitável revista de literatura
e arte Coyote. E por mera coincidência quem estava lá perfilando
junto ao meu nome?: Charles Bukowski... Então deu pra sentir
que o burguês aqui é só fachada... Quem me vê
assim, nas fotos abaixo, pensa que eu nunca fui um Chinasky
na vida... Meu, trabalhei como office-boy, xerocador
de acetato, arquivista, auxiliar administrativo, regulador de
sinistro, sócio de oficina mecânica, consultor de uma
concessionária de automóveis importados, corretor de seguros,
sócio de uma consultoria, e agora como professor
eventual... Sempre perambulando como Chinasky... A diferença é
que fiquei perambulando dez anos na mesma empresa... Até que
os caras se tocaram que eu era um verdadeiro Chinasky und lebewohl...
Eu fui, por exemplo, um dos primeiros grevistas
da companhia de seguros e de todos os securitários;
e o primeiro também que levou a turma para o Paulistano
da Glória, tia Olga e para umas tias lá na Ipiranga...
Num famoso fast foda...
Outra diferença: nunca fui de maconha (e nada contra, seu imbecil)
embora o Chinasky só fume cigarros no filme...
Beber....eu só não bebia água de bateria...
Mulheres... sai de baixo...que eu era problema...
E quem me conhece sabe como era a fera...
Mas para quem tem uma visão schmal do filme, vai
pensar que o cara só mudo pra lá e pra cá, pícaro, cigarro, mete e bebe...
E é aí que está o grande lance de Chinasky...
Chinasky é um barfly mas não é violento, ele é um homem godotiano...
A sua preguiça é um atentado ao sistema capitalista...
Como numa cena em que a Raquel com muita argúcia sacou:
ele arromba um carro para furtar umas quatro ou cinco guimbas...
Mas ele não está nem aí se é último tipo ou não... Ele só quer
alimentar o seu vício... Sem falar que o cara era um escritor...
Sabe aquele escritor de Rilke...Outra cena legal também:
ele é apresentado a um Paul Rabbit que se apresenta
como outro escritor...
Mas o conceito não bate...
É o chamado silêncio eloqüente...
Já aconteceu isso comigo...
Certa vez deixei o meu Granizos num sebo da Aurora, de
graça, e depois de duas semanas, voltei para bater um papo com o
sebeiro, e ele me disse: ' por que você não escreve livro de auto-ajuda e
mais grosso...' E eu lhe respondi: mas eu escrevo livro de auto-ajuda...
Mas voltando ao Factotum: Chinasky vive a lentidão do tempo...
É o mundo externo que se ajusta aos seus ponteiros da vida e não o
contrário...
Eu poderia estar falando mais de Chinasky...
Mas pela minha própria desídia Chinaskiana não dá...
Só sei que quando saí, eu tinha tomado aquele porre de saudade...
Mas os meus ponteiros àquela hora já estavam todos atrasados...
Por isso saí correndo sem vergonha pelas ruas de Sampa dançando
na chuva com a mea querida Raquel...
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