Pecados e Recados de Sérgio Telles
Os vinte contos do livro “Pecados do Mundo” (Patuá, 2019), do psicanalista e escritor Sergio Telles mostram uma madura mistura de drama, humor, sátira e tragédia. A esses acrescento o elemento surpresa, diluído ao longo do livro e que destaco no conto Brilho no Olhar, com um desfecho totalmente inesperado que só enriquece. A Impenetrável Opacidade das coisas, um dos contos mais longos do livro, é uma narrativa densa de lembranças do outro, algo como um acerto de contas mais ou menos saudoso, mais ou menos leve pela ação do tempo. No conto O Crítico, ao comentar sobre a difícil arte de avaliar sem querer ser juiz, o autor disseca como um estudioso os meandros dos protagonistas e seus ambientes, visitando galerias de arte, exposições, olhando e opinando por conta do ofício. “Pecados do Mundo” cativa também pela cadência e o ritmo presentes em todos os contos. Entre uns e outros, o autor intercala, como um exercício de liberdade, textos curtos que ora lembram minicontos, ora poemas, num todo de relatos existenciais, pulsações de vida e morte que se alternam, esta última, não como uma fixação, mas decorrência natural.
Autor também de “Mergulhador de Acapulco” (Imago, 1992) e “”Peixe de Bicicleta” (EdUFSCar, prêmio melhor livro de contos da Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA, 2002), Sergio Telles é membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e do corpo editorial da revista Percurso; já foi colunista de O Estado de S. Paulo e escreve regularmente no suplemento semanal EU&FS, do jornal Valor Econômico.
Por Ieda E. de Abreu, jornalista, escritora.
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