Intervenção ritualística abre exposição no Centro Cultural dos Correios

 


A exposição O Encontro É Lugar Impossível, inaugurada dia 3 de maio no Centro Cultural dos Correios,  reunindo  24 expositores, teve sua abertura marcada pela atuação do artista Antonio Pulquério. Com uma vestimenta própria para o evento, e portando um “matulão” carregado de terra e sal grosso, no cruzamento das ruas 15 de Novembro e a Praça Antonio Prado, Pulquério fez uma espécie de ritual de passagem: relacionando Terra (Aye) e Céu (Orun), ao mesmo tempo utilizando o sal, propondo uma limpeza do lugar, em referência a certas práticas de matrizes africanas. Como um cortejo no centro histórico de São Paulo, a ação foi seguida por espectadores, terminando no Centro Cultural dos Correios.

Antonio Pulquério Filho é formado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, onde vive e trabalha. Nascido em Campos Sales, Ceará, transita por várias linguagens artísticas: cerâmica, colagem, fotografia, instalação e performance, e suas vivências se destacam pela abordagem ritual. “Minha pesquisa parte de um olhar flutuante, vai de um lugar a outro, desde a relação com o fazer cerâmico até situações nas quais estou inserido, como racismo e intolerância religiosa”, diz Pulquério. Mas seu foco são as camadas ancestrais que o atravessam, a memória do lugar de origem, como o sertão, devoções, festejos e romarias na cidade de Juazeiro do Norte, imagens de ex-votos, cartas com mensagens aos santos católicos para o alcance de alguma graça. 

Desde 2021, após residência artística realizada em Recife e com apoio da Oficina Brennand, Pulquério tem mapeado certos espaços, lugares e práticas culturais que trazem marcas de antigos povos pretos e vêm sendo apagados ao longo da história. O Largo do Rosário, hoje conhecido como Praça Antonio Prado, foi um desses espaços mapeado pelo artista.

A exposição O Encontro É Lugar Impossível tem curadoria e fotos de Alla Yzumizawa e ficará no Centro Cultural dos Correios até dia 3 de Junho.


Por Ieda Estergilda de Abreu


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