MEMÓRIAS VOLÁTEIS do quase mestre doutor Goliardo Mellitus WILSON LUQUES COSTA



Este livro é composto de três partes: Memórias acadêmicas e não acadêmicas, Diário da senilidade e Ode a Sampa.

Em Memorias acadêmicas e não acadêmicas, o autor relata em forma de depoimento todo o traçado de sua vida em busca de um curso de Mestrado, ao mesmo tempo em que descreve pontos de sua vida pessoal. Inicia com a descoberta do diabetes e suas implicações em momento de ansiedade, a sua entrada no curso, sendo autodidata em filosofia, as dificuldades e o estranhamento do ambiente e da maneira com que as aulas eram ministradas. A vida acadêmica de tal forma que os docentes se apresentam em seu pedestal e com teorias precisas sobre a vida e obra de tantos filósofos, sempre jogando as informações umas após outras.

O autor apresenta o seu isolamento dentro do contexto, mesclando com a vida particular também em isolamento, o que acarretou a incompreensão com aquele mundo tão disparate em que era a sua vida acadêmica, a incompreensão dos colegas e as virtudes com que passam a desempenhar a sua vida. 

Abre-se a oportunidade para o curso de grego em que prontamente se habilita em Mosteiro e encontra ali outros tipos de dificuldades, não quanto ao aprendizado em si, mas as relações que não se concretizam com o curso, com os colegas, com tudo.

As inúmeras barreiras que vêm uma após a outra tornando impossível um desenvolvimento em tema específico, se vê abandonado pela orientadora e disperso em todo o desenvolvimento que pretendia. Desiste do curso, o que mais há a fazer? 

Relatado com um sentido de verdade e aperto no coração com o que o leitor também sente, o que se transmuda para o entendimento de como os cursos de mestrado eram ministrados naquela época, sem saudosismo, mas em realismo impressionante. 

 

A segunda parte intitulada: Diário da senilidade também em forma de depoimento o autor apresenta o dia a dia de um homem cansado e frustrado, em que bate muitas vezes na tecla do cochilo, talvez numa tentativa de desligamento do real, de seu real estado de espírito. É um sincero relato do que é e como se sente na estratosfera do seu tempo e espaço.


A terceira parte intitulada: Ode a Sampa – escrita em versos, relata de forma pitoresca as belezas e entraves da Metrópole onde nasceu e vive. No mesmo estilo do livro traça amores e desamores do que faz de São Paulo a cidade que é. 



Wilson Luques trabalha o livro em depoimento com muita sensibilidade. Não se trata de desabafos, não se trata de rancores, nem desavenças contra pessoas ou instituições, mas mostra o que realmente foi para ele a Academia, em traçados de memórias voláteis. Segue traçando um olhar voltado para si mesmo e finaliza com a Metrópole a qual pertence, em belo fechamento do que é a cidade, a qual faz parte, em todo o seu contexto.

Livro muito sensível puxado pela memória de tempos passados e próximos dele mesmo. Fundamental não deixar essas memórias se perderem...

                           

Maria de Lourdes Alba                 20/01/2022 


PEQUENA BIOGRAFIA:  Brasileira, natural de São Paulo, é autora de vários livros de poesias em língua portuguesa, um de novela:  Clara e um pequeno livreto de frases: Pingos e respingos.

Em outras línguas:     

Alrededor de las horas – Uruguai

Intorne alle ore – Itália

Linhas que trafegam – bilíngue – português/inglês

Membro 108 da Academia Internacional de Literatura Brasileira – AILB/NY. 

Participou de várias antologias e eventos literários. 

Foi agraciada com vários prêmios literários, destacando-se Menção Especial em 2004 pela Academia Mineira de Letras com o livro Gotas na face. Duas vezes na Itália com poemas em língua portuguesa em 2006 com o poema Pássaro e 2015 com o poema Quebra Gelo.

A novela Clara foi premiada pela International Writers and Artists Association (IWAA) em 2017 nos EUA.


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