MINHAS ANDANÇAS PELOS SEBOS DE SAMPA

Durante muitos anos, fui um assíduo frequentador de sebos paulistanos. Tenho uma pequena biblioteca oriunda dessas minhas garimpagens pelos sebos. Cheguei num único dia a ficar enfurnado em sebos. Muitas vezes, saía de um sebo para imediatamente entrar em outros pesquisando os livros, discos, revistas, sobretudo livros de meu interesse. Frequentei quase diariamente um sebo na Sete de Abril que ficava no térreo e nos fundos de um prédio vizinho onde se situava a seguradora onde trabalhei por muitos anos. Esse prédio onde eu trabalhei, talvez seja um dos prédios mais icônicos e históricos de São Paulo, porque foi ali que estiveram Lina Bo Bardi, Chateaubriand e o grande marchand Bardi. Foi ali também que teve início a extinta TV Tupi e onde o Masp iniciou. Frequentei muito a famosa lanchonete Costa do Sol, onde anos anteriores também frequentaram os atores e atrizes da TV Tupi. Cheguei a ouvir muitas histórias. Quando comecei a trabalhar na seguradora era o ano de 1979 e os fatos tinham acontecido. Todavia, restavam ainda histórias relatadas por suas testemunhas que frequentavam principalmente o Costa do Sol. Quanto aos sebos,  frequentei posteriormente muitos sebos da rua Aurora, da Avenida São João, da Praça Dom José Gaspar, da Praça da República, do Brandão, do Cabeça Branca atrás do Fórum e tantos outros tópoi além e aquém do centro. Sempre gostei de livros mais raros ou chamados "undergrounds". Um dos sebos que eu mais gostava, era um mais underground que ficava na Sete de Abril. Ali não era raro deparar-me de chofre com um livro de Pasolini, Verlaine, Rimbaud e tantos outros. Lá frequentava uma juventude bastante interessante que era ligada ao Piva e ao Willer. Posso citar hoje o dono do Gabinete 63 e DanaVicolli entre outros que pontuam ainda a paisagem urbana e literária de Sampa. Hoje, praticamente não frequento mais os sebos de São Paulo. Aliás, estou com uma saudade incrível dessas minhas andanças. Hoje, bem ou mal,  tornei-me também um autor de livros e fico imaginando daqui um alter ego qualquer rodando e girando o filme da literatura brasileira e principalmente com suas totais idiossincrasias e particularidades de Sampa com um livro meu ou seu em suas mãos.