O POETA
"O poeta!" assim era chamado.
- Fala, poeta!
- Bom dia, poeta!
- Tenha uma bela noite, poeta!
O poeta gostava de ser chamado de poeta!
Recebia encomendas de livros.
Recebia prêmios etc.
Todos o conheciam como poeta.
Ninguém na cidade sabia o seu nome.
O poeta era também uma espécie de ativista político.
Onde havia uma manifestação, o poeta estava.
Pelo menos com a sua alcunha de poeta.
O poeta era uma pessoa extremamente simpática.
Afinal, não é fácil ser poeta numa cidade onde todos almejam ser poeta.
O poeta era também, embora nunca admitisse, uma espécie de Don Juan.
O poeta era tímido, mas quando se tratava de mulheres, virava um touro indomável.
Naquele momento, o poeta largava todas as rimas, todos os versos e todas as estrofes e imprimia um ritmo tresloucado na sua busca por um rabo de saia.
Mas o poeta era uma pessoa discreta e disfarçava toda a sua libido compondo versos eróticos em seu banheiro.
Na cidade, todos o conheciam como poeta, mas podiam também chamá-lo de poeta onanista louco por mulheres que ele gentilmente atendia.
Comentários
Postar um comentário