O poder mítico


A mitologia é um arquétipo humano. Não obstante o mito abrigar certas contradições e algumas falhas da ordem racional, ainda assim ele nos conta, ou melhor, narra sobre nós humanos.

No mito A Saga de Édipo, vamos encontrar falhas da ordem racional implícitas no próprio mito, a saber: Por que Laio não pode gerar filhos? Por que o oráculo tem o poder divinatório?

Essas duas questões da ordem filosófica já descaracterizariam o valor de verdade do mito, pois sabemos que a ratio quer saber das causas antes das consequências.

Todavia não é possível descartar, mesmo que a filosofia coloque a sua barba de molho, algumas verdades arquetípicas no mito, principalmente, na Saga de Édipo.

Porque é em vão a tentativa de Laio ao homiziar na rocha seu filho, que não deveria ser gerado por injunção do mensageiro de Delfos.

Nesse sentido, coloca-se a interpretação a serviço da verdade; e isso exige do homem heleno um poder de desconstruir as metáforas reveladoras.

Sabemos, ao desvelar o novelo metafórico, que não é possível a Laio e por tabela à humanidade fugir ao destino dos deuses; melhor: o mito nos informa da impossibilidade do livre-arbítrio.

Informa-nos também tantas outras interdições, como, por exemplo, a proibição do incesto e/ou que não devemos desobedecer uma lei maior dos deuses; e isso, em que pese a instauração da ratio com os filósofos, parece guardar mais verdades do que uma fundamentação matemática.

Para quem duvida, estão aí os textos de Frege, Russel, Husserl e tantos outros para poder não nos desmentir. Por isso, parecer haver mais disputatio na razão do que no próprio mito.

Com efeito, a cada dia vem narrando o mito a sua história em algum de nós; somos sim os seus atores nesse efêmero tablado.

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