ENTREVISTA COM O POETA FABIANO FERNANDES GARCEZ

 



1 - Fale de você: onde nasceu? qual formação? onde vive? o que faz?

Nasci em São Paulo há 45 anos. Me formei em letras, depois de uma breve passagem pela faculdade de administração, neste momento estou cursando um mestrado também em letras. Hoje sou professor da prefeitura de São Paulo e também do estado de São Paulo, pois acredito que a educação pública pode ser uma ferramenta importante para a mudança de nossa sociedade. Sei que isso é de um otimismo enorme, sou um otimista incorrigível.


2 - Quais são os seus escritores preferidos? Por quê? 

Tenho um paideuma de poetas bem amplo, bem dinâmico, muda a cada temporada, mas é possível destacar alguns que estão com mais frequência. Entre os quais uns que trabalham com a inventividade linguística e outros que preferem um lirismo sem uma preocupação estética maior, como, por exemplo, Fernando Pessoa, Adélia Prado, Ferreira Gullar, Arnaldo Antunes, Paulo Henriques Britto, Frederico Barbosa, Arnaldo Antunes, além é claro dos modernistas como Mário, Oswald, Drummond e Bandeira, que por conta do mestrado voltei a relê-los.


3 - Como é o seu cotidiano? 

O meu cotidiano, pré-pandemico era basicamente trabalhar, ler e ir a bares onde participava de saraus ou encontrava os amigos para ouvir boa música. Confesso que estou ansioso para voltar a esse cotidiano.


4 - Quantos livros publicou?

Já publiquei cinco livros. Todos de poesia. Poesia se é que há, 2008, Diálogos que ainda restam, 2012, Rastros para um testamento, 2012, Em meio aos ruídos urbanos, 2016, e o mais novo, Badaladas de um preliminar, 2020, é a reunião dos três primeiros livros, juntamente com alguns poemas que só haviam sido publicados em antologias.


5 – Quais foram as suas alegrias literárias?

As alegrias e as tristezas literárias são, sempre, subjetivas, mas escrever um poema que você mesmo goste, é uma alegria, finalizar e lançar um livro também é, assim como receber uma devolutiva oral ou por escrito de um poema ou livro é uma grande alegria.


6- Quais foram as suas frustrações literárias?

As frustrações literárias são inúmeras, mas também são subjetivas. A gente sempre se frustra, enquanto escritor, quando o livro não vende o que deveria vender. O meu livro Em meio aos ruídos urbanos demorou cinco anos para ficar pronto, fiz uma parceria com meu irmão, que é um designer gráfico, fiz mudanças na minha forma de escrita para fazê-los integrar às imagens que foram registradas em uma tarde por São Paulo, além de outros tipos de imagem como. Ilustrações, e grafites.  E não teve a repercussão que o livro merecia, apesar de ter sido finalista do Prêmio Guarulhos de Literatura.


7 - Qual é o seu objetivo na literatura?

Os meus objetivos na literatura são modestos, sei que na contemporaneidade, é muito difícil nos tornarmos relevante, principalmente sem padrinhos ou o suporte de uma grande editora. Por isso quero mesmo é escrever, publicar, participar de saraus para encontrar amigos para festejar a poesia.


8 - Você julga a escrita superior à oralidade? Por quê?

Não julgo a escrita superior à oralidade, muito pelo contrário. A língua portuguesa, na linha dos modernistas, em sua faceta oral, é a verdadeira língua brasileira, sem esquecer das inúmeras vertentes regionais. Em meus poemas, a matéria prima, é a língua oral. É muito mais malemolente, bela e sensual que a língua escrita.


9 - Como você se organiza para escrever?

Não me organizo. Em verdade, me desorganizo na hora de escrever. Tenho poemas ou fragmentos escritos à mão, no computador, no celular. Às vezes o poema sai quase que inteiro, às vezes vem apenas um verso e me debato com ele por dias. Meu processo de escrita é bem caótica.  


10 - Você quer ser reconhecido? Por quê?

Ser reconhecido não é minha meta. Não escrevo para ser reconhecido, sei da dificuldade de isso acontecer, por isso mesmo não me iludo. No entanto, é muito gratificante quando um poeta que admiro faz um elogio sincero a um poema meu. 


11 - O que é um poeta ou um escritor?

Ser um escritor, para mim, é mais abrangente que um poeta. Um escritor é mais completo. Escreve diversos gêneros. Penso que sou poeta. Hoje me dedico apenas a poesia. A escrita de outros gêneros, para mim, é bem sofrida. A escrita de poema não. Sinto prazer em escrever um poema, porém caso não goste do resultado final, o descarto. Essa entrevista escrita é um exemplo, foi bem sofrida respondê-la.


12 - Todo escritor é vaidoso?

A escrita, creio eu, ainda, ser poder. O seu domínio ainda gera um status, uma áurea nobre no escritor.  Em alguns aspectos, infelizmente, o Brasil ainda não evoluiu, se bem que, penso eu, isso começa a mudar, devido a inúmeros fatores. Um deles é a democratização da universidade pública.


13 - Como você lida com o fracasso?

O fracasso, na minha vida, é apenas uma segunda-feira comum. Sou professor e poeta. Atuo na educação e na cultura no estado de São Paulo e no Brasil. Se não me acostumasse com o fracasso, talvez já teria me suicidado.


14 - Como você lida com o sucesso?

Já o sucesso é algo inexistente. Quando ocorre é tão efêmero que nunca se torna concreto e factível. Mas, como já mencionei, não sou pessimista. Sou um otimista então tanto o sucesso como o fracasso não me iludem.


15 - Qual é o autor contemporâneo que, de fato, você admira? Seja sincero 

Admiro muitos poetas contemporâneos. Sou um leitor voraz de poesia contemporânea. Na verdade, é só o que leio nesses últimos quinze anos, além disso, é também minha fonte de estudos, por isso mesmo não quero mencionar nomes, para não ser injusto ao esquecer alguém.  No entanto, muita coisa o que chamamos de poesia contemporânea, são apenas prolongamentos de certa poesia modernista. 


16 - Espaço aberto para sugestões de perguntas e palavras finais.

Gostaria de agradecer o espaço e parabenizar a você, Wilson, pelo belíssimo trabalho de divulgação de poetas e de poesia da contemporaneidade.


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