ENTREVISTA COM O POETA, FILÓSOFO E MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ANTONIO CICERO


 

1 - Fale de você: onde nasceu? qual formação? onde vive? o que faz?

 

Nasci no Rio de Janeiro. Meus pais são nordestinos: mais precisamente, do Piauí; mas somente vieram a se conhecer, a namorar e a se casar aqui no Rio. Minha formação é de filosofia, que estudei inicialmente na PUC do Rio, depois no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, depois na Universidade de Londres, depois na Georgetown University, em Washington e, mais que tudo, em casa, entre os livros que comprava ou pegava emprestados das diferentes bibliotecas. No momento, vivo no Humaitá, no Rio de Janeiro. Escrevo principalmente poemas e ensaios de filosofia e literatura.

 

2 - Quais são os seus escritores preferidos? Por quê?

 

Em matéria de filosofia, são, entre outros, Kant, Hegel, Sartre, Heidegger e Platão. Cada um deles é um dos preferidos porque me revelou algo importante em matéria de filosofia. Em matéria de poesia são, entre os brasileiros, Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Ferreira Gullar, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Armando Freitas Filho, Paulo Henriques Britto, Ricardo Silvestrin e vários outros; entre os portugueses, Fernando Pessoa, Camões, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Bryner Andresen, Gastão Cruz, Luiz Miguel Nava e vários outros. Impossível explicar num parágrafo a razão pela qual cada um deles é um dos meus preferidos. E, como leio em francês, inglês, italiano, espanhol, alemão, latim e grego, em cada uma dessas línguas tenho vários escritores preferidos.

 

3 - Como é o seu cotidiano?

 

Leio muito, mas também gosto de dar umas voltas à pé. E, umas duas noites por semana, vou jantar fora com amigos.

 

4 - Quantos livros publicou?

 

Nove.

 

5 - Quais foram as suas alegrias literárias?

 

Fiquei muito alegre com a boa recepção literária de meus livros de poesia em Portugal. Aliás, acaba de sair, em Lisboa, um volume com todos os meus livros de poesia.

 

6- Quais foram as suas frustrações literárias?

 

Agora mesmo, estou passando por uma frustração séria. No ano retrasado, pretendia publicar mais um livro de poemas. A pandemia simplesmente retirou de mim toda vontade de fazê-lo, toda inspiração.

 

7 - Qual é o seu objetivo na literatura?

 

Escrever coisas que, por diferentes razões, mereçam existir e tenham esse merecimento reconhecido.

 

8 - Você julga a escrita superior à oralidade? Por quê?

 

Não necessariamente. Os primeiros poemas ocidentais, os gregos, eram inicialmente orais. Os poemas homéricos surgiram oralmente, e estão entre os maiores do mundo. Hoje, algumas canções de Caetano Veloso, por exemplo, são tão boas quanto os melhores poemas escritos. Bob Dylan mereceu o Nobel.

 

9 - Como você se organiza para escrever?

 

Muitas vezes, simplesmente começo a escrever, seja no computador, seja numa folha de papel. Não tenho uma organização única para essas coisas.

 

10 - Você quer ser reconhecido? Por quê?

 

As coisas boas que escrevo são as coisas que penso que merecem ser reconhecidas. Se um poema que escrevi é reconhecidamente bom, então eu, que o escrevi, também devo ser reconhecido como um bom poeta.

 

11 - O que é um poeta ou um escritor?

 

Um poeta é alguém que escreve poemas que merecem ser reconhecidos como bons poemas. Um escritor é alguém que escreve um texto que merece ser reconhecido como bom.

 

12 - Todo escritor é vaidoso?

 

Na medida em que se orgulha do que produz, é claro que sim.

 

13 - Como você lida com o fracasso?

 

Com tristeza.

 

14 - Como você lida com o sucesso?

 

Com alegria.

 

15 - Qual é o autor contemporâneo que, de fato, você admira? Seja sincero (a). 

 

Admiro vários. Um deles é, por exemplo, o poeta alemão Hans Magnus Enzensberger.

 

16 - Espaço aberto para sugestões de perguntas e palavras finais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas