Nasci na Vila Ré. Fui um jovem criado numa família de avós espanhóis. Tenho o maior orgulho do mundo de ter tido um pai baiano maravilhoso. A minha infância, com toda dificuldade das pessoas que não nasceram em berço de nobre, apesar de difícil, foi muito feliz. Tive dificuldades no estudo, como todos da minha condição tiveram, porque não gostava de estudar. Mas fui um razoável aluno. Era um jovem tímido. Depois fui para outro lado e virei festeiro e meio namorador e de bares e colegas. Sempre fui educado e fiel aos amigos. Tive sempre um coração generoso e altruísta. Pensava mais no meu semelhante do que em mim, a tal ponto de ser criticado por colegas e familiares. Não gostava de estudar. Adorava jogar bola, ao ponto de fazer teste no dente de leite do Corinthians e fazer um gol no goleiro Paulo Rogério, que era reserva do Ado. Mas não fiquei. Eu acreditava que jogava bem e falo até hoje para os alunos. Mas superestimamos as nossas lembranças e memórias afetivas. Fui da seleção do futebol de salão da escola. Não encontro os colegas daquela época. Só, às vezes, um colega que não vi mais e que jogava comigo e que é engenheiro hoje. A minha vida era só pensar no Corinthians de manhã, noite e dia. Era,como ainda é, uma paixão inexplicável. Li poucos livros na infância. Lembro de Capitães de Areia de Jorge Amado que quase devorei. Li também um de Lima Barreto que tinha uma cena forte de sexo que me exasperou. Os demais abandonava logo no início. Lembro que larguei de Rosinha, minha canoa e Machado era enfadonho e não entendia. Tenho Mémórias Póstumas daquela época. Às vezes, eu fico pensando em qual dia mesmo me caiu aquela faísca e que dial do meu rádio mudou... É como se costuma dizer: " Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que julga a nossa vã filosofia" ou " Eu juro que eu acredito em milagres!"

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