ADEMIR ASSUNÇÃO
A
poesia contundente de Ademir Assunção
Na literatura brasileira contemporânea há muitos
poetas que a maioria dos leitores desconhece.
Como há uma profusão de estilos, influência forte da
pós-modernidade, fica muitas vezes difícil destacar ou reconhecer a grandeza de
um poeta ou de sua poesia.
Afora os poetas brasileiros já canonizados pela mídia
como Drummond, João Cabral, Manuel Bandeira e tantos outros, há sim na
literatura brasileira contemporânea poetas que, diferentes dessa canonização,
possuem uma voz própria e que se insurgem contra as mazelas sociais.
Não é um grito que ecoa por ecoar ou por simplesmente
gritar.
É um grito que vem do fundo do abismo da alma, do
isolamento, do deslocamento do poeta no mundo; do poeta que não cabe e não quer
caber nessa sociedade de banqueiros escroques e playboys flanelinhas metidos a
escritores e poetas.
Estou falando mais precisamente do poeta paulista
Ademir Assunção, nascido em Araraquara, e formado pelo movimento cultural de
Londrina, e, pasmem os senhores, não obstante ter sido amigo de Paulo Leminski,
não se conformando em ser discípulo nem epígono do poeta paranaense, porque tem
voz própria..
Sou leitor de sua poesia.
Eu não conhecia o Ademir Assunção.
Nem conhecia a sua poesia.
Mas tive contato por pesquisas na internet, lendo
poesia brasileira.
Lembro que a primeira vez que vi a sua imagem, vi
através de uma foto de um site ou blog.
Estava de óculos escuro e encostado num poste ou algo
assim.
Eu conhecia outros poetas mais famosos na época e
julgava mais um em meio a uma vastidão de poetas.
Posteriormente, acompanhei o seu blog Zona Branca e
lia quase que diariamente os seus poemas e as suas postagens.
Cheguei a conhecê-lo, se não me engano, na Zona
Leste, em 2003.
Conheci pela gentileza de Edvaldo Santana que me
apresentou a ele, depois de eu lhe deixar um livrinho de contos num de seus
Shows no Tiquatira, Zona Leste de Sampa, onde se apresentariam também a Escola
do Nenê da Vila Matilde e Itamar Assunção, que não pôde se apresentar naquele
dia não sei por qual motivo.
Naquele dia, Ademir Assunção passou-me o seu endereço
do Zona Branca.
Eu perguntei-lhe cheio de dedos se poderia encaminhar
alguns textos.
Ele disse que sim.
Dias depois encaminhei.
Julgo a poesia de Ademir Assunção uma voz forte
dentre os poetas contemporâneos.
Para mim, não obstante os primeiros incômodos com
algumas figuras de linguagem como "dedos de açúcar", crianças
bêbadas", dragões pastando na grama" etc,, é das melhores e mais
agradáveis que tenho lido.
E o incrível é que essas figuras de linguagem funcionam
muito bem dentro de sua poesia.
E são justamente essas figuras de linguagem que se
constituem nas suas marcas e assinaturas e não adianta querer imitar.
Ele é a voz dos seres abandonados, zumbis dos navios
fantasmas, ancorados nos portos da dor e desilusão.
Ele é também o poeta que foge do simples fazer pelo
fazer. Ademir Assunção, com a sua poesia, vai cuspir, como diria Nelson
Rodrigues, bem na cara dos banqueiros e yuppies .
E ele não poupa ninguém.
Não sobra nada nem para os donos da mídia brasileira.
Ele não baixa a guarda.
Seus poemas lancinam na pele daqueles que ainda têm
sangue e não pus nas artérias.
Leiam então os fragmentos desses versos: " faca
entre os dentes, trinados de gralhas nos ouvidos..." ninguém responde ao
chamado..." "punks desfilam nas ruas de Copacabana..." o caos
ecoa nas ruínas..." " é no silêncio que os banqueiros multiplicam
seus ágios..." " não venha, velha tristeza, não venha..." não
" há ninguém na praia brava" " Lili maconha" saiu e não
volta..."
Aqui é a poesia das noites Na voz do
ventríloquo!"
Leitor, se você não quer mais ser aquele mesmo idiota
e alienado de sempre, leia então os seus poemas!
Ademir Assunção é balaço para todos os lados!
POW!
POW! POW!
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