ARMANDO DIÓRIO
ARMANDO
DIÓRIO
Eu penso
que literatura, filosofia, poesia são um fazer. Faz e pronto. Publique em blog.
Guarde na gaveta. Encaminhe para os amigos ou venha ao prelo. Mas a questão do
prelo passa pelo crivo da crítica -- sobretudo para leitores que são
levados -- não pelo seu gosto ou crítica pessoal -- por uma indicação de
quem pensa que entende do babado. Por isso, revistas especializadas em
literatura barroca, moderna, pós-moderna etc. Em alguns jornais, já com uma
certa influência, são publicados os autores que mais lhes convêm -- muitas
vezes, são de fato autores com uma certa proeminência -- mas isso
não impede que se faça injustiça com certos autores que não têm nenhum pistolão
na mídia ou que não convivem no meio dos poetas e escritores para poderem
dar uma mordiscada que seja em uma página literária ou filosófica. A história é
grávida dessas histórias de autores que quase colocaram tudo a serviço do deus
ignis. E daí advém a tristeza ou a melancolia e pronto. Podemos citar as
missivas de Proust com seu editor, ou mesmo o descaso com Fernando Pessoa, e
até o estado blasé de Kafka -- que num ultimato de xadrez solicita o efeito
bumerangue a Max Brod -- no que vê pulular o seu intento. Falo tudo isso, não
para falar de moi -- no et no -- falo e não gosto de falar de ninguém nesse
sentido, porque creio que cada um deve procurar o seu espaço, como sempre
procurei ou procuro; ou seja: pelo seu talento e pela sua virtute -- mas
incito-me nesse momento a fazer um panegírico a um contista que já lançou
alguns contos na internet e que já saiu em uma pequena coletânea --
conheço-o pessoalmente e posso atestar a sua inteligência e o não menos
talento -- trata-se de Armando Diório. Eu li os seus
contos em meados de 2006, e os tenho alguns guardados em minha biblioteca
-- os seus contos além de serem fantásticos na dupla acepção, são lancinantes e
mexem com o lado trágico do ser humano com os seus vícios e as suas
nosografias. Quem lê os seus contos, logo pensa que o autor é um louco
ou um degenerado -- mas é que os seus contos vão direto no baço de uma
sociedade que evita conhecer o lado trágico da vida. Seus
contos amedrontam-nos com seus ratos, baratas, cânceres sobre o tálamo de
tánatos e bíos. Por isso enveredei demais aqui para dizer que Armando
Diório merece uma atenção especial das editoras. Eu, se fosse do
corpo editorial da Coyote, não perderia a oportunidade de lançar à luz ou
à sombra esse, que na minha opinião, é um estupendo contista brasileiro. E
tenho dito.
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