LUCAS COSTA

 impreciso dizer


o papel amassado ao pé da cama

ser o centro do mundo

um instante antes de dormir no lixo


a foto amarelada que mora na quinta gaveta e a poeira

cada pedaço de maconha no chão

 o espaço entre as cordas do velho violão aposentado


impreciso dizer

o que foge pelas frestas de todas as manhãs

tantos sonhos esfumaçam quando o dia começa

mas a noite segue subterrânea aos nossos gestos 


da mudez da fotografia

da marca da espinha no queixo

da tinta gasta no braço do boneco

palavras que esqueceram de ser minhas e contêm apenas migalhas de ausência

retalhos 

que me apontam perdido na origem das coisas


é a vida que grita agonizando no assoalho do quarto


Lucas Costa, mora na zona leste de São Paulo. Apaixonado pelas coisas inúteis, estuda filosofia; seduzido pela embriaguez, lê como quem reza e brinca de escrever poesia. Publicou em Ruído Manifeso e Literatura&Fechadura


Comentários

Postagens mais visitadas