RUBENS JARDIM



1 - Fale de você: onde nasceu? qual formação? onde vive? o que faz?

Nasci em São Paulo logo após o fim da guerra: 1946. Sempre vivi nessa Pauliceia Desvairada. Apenas em dois momentos tentei viver fora daqui: em 1980, em Campos do Jordão. Em 1985 em Cotia. Dois anos em cada uma dessas cidades.

 2 - Quais são os seus escritores preferidos? Por quê? 

O leque é muito grande, mas tentarei restringir. Sou apaixonado por Rainer Maria Rilke desde que li, no final da adolescência, Cartas a Um Jovem Poeta. Outro livro dele que me deixou de ponta cabeça : Elegias de Duino. Li quase toda a obra dele, inclusive parte da sua abundante epistolografia (mais de 7 mil cartas). Outras paixões: Bandeira, Drummond, Jorge de Lima, Cabral, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, Lindolf Bell.
Em ficção, Guimarães Rosa ombreia com Rilke. O Grande Sertão, Veredas é, para mim, obra máxima. Inigualável. Imbatível. Única.

3 - Como é o seu cotidiano?

Após a aposentadoria e após a pandemia, minha vida cotidiana mudou bastante. Antes frequentava lançamentos de livro, organizava o Sarau da Paulista e fazia curadoria no Sarau Gente de Palavra Paulistano. Encontrava amigos na Casa das Rosas e no Patuscada, sem deixar de tomar uns uisquinhos. 

 4 - Quantos livros publicou? 

Costumo dizer que não tenho obra. Publiquei pouco. Ultimatum (1966), Espelho Riscado (1978), Cantares da Paixão (2008), Fora da Estante (2012),e Coração do Mundo( 2016), em Portugal. Participo também de um expressivo número de antologias poéticas no Brasil e no exterior.

5 - Quais foram as suas alegrias literárias? 

Um dos momentos inesquecíveis da minha trajetória foi a apresentação do nosso grupo, Catequese Poética, no Teatro Municipal de Ouro Preto, em 1966. Outro momento bonito foi no Teatro Marília, em Belo Horizonte, absolutamente lotado. Parecia show de rock. Também jamais esquecerei do Ano Jorge de Lima (1973) iniciativa concomitante ao livro que fiz, Jorge, 80 Anos, estopim desse movimento de resgate da obra do poeta alagoano. Não posso deixar de fora o trabalho em torno de AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA. Foram mais de 6 anos de pesquisa e divulgação no meu blog e em espaços parceiros. Fiz também 3 livros digitais reunindo mais de 440 poetas brasileiras que podem ser acessados, gratuitamente, na plataforma ISSUU. Hoje mesmo, recebi a versão impressa feita pela Arribaçã Editora, do poeta e jornalista Linaldo Guedes. Uma beleza reunindo 327 poetas.

6- Quais foram as suas frustrações literárias?
Não ter emplacado esse projeto de AS MULHERES POETAS...anos atrás, naquele concurso promovido pelo Itaú Cultural. Sou avesso a concursos e a competições .Mas uma grande amiga poeta convenceu-me a participar. Acabei topando e dei uma trabalheira pra ela, pois não escrevi nem 10 linhas. 

7 - Qual é o seu objetivo na literatura?
Cumprir com o lema da Catequese Poética: o lugar do poeta é onde possa inquietar. O lugar do poema são todos os lugares.

8 - Você julga a escrita superior à oralidade? Por quê?
Acho exatamente o contrário. Mas isso só aconteceu porque desde a infância minha tia Concha declamava poemas em toda e qualquer reunião familiar. Habituei e aquilo me encantava: a musicalidade, as rimas, enfim a sonoridade. E ela tinha um repertório fabuloso: Castro Alves, Alvares de Azevedo, Fagundes Varela, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos. 

9 - Como você se organiza para escrever?
Não me organizo. Acredito mais na inspiração do que na transpiração.

10 - Você quer ser reconhecido? Por quê?
Nunca pensei nisso. E nunca imaginei alcançar tantas manifestações de carinho. Um exemplo que me comoveu até as entranhas: a edição de um livro, Rubens Jardim, editado pela Patuá, que reuniu cerca de 70 poetas homenageando-me com poemas. Acho que esse foi o momento mais gratificante da minha vida. Chorei igual criança, pois foi tudo montado naquele esquema de surpresa...

11 - O que é um poeta ou um escritor?
O poeta é a antena da raça (Pound).

12 - Todo escritor é vaidoso?
Não sei. Eu não sou.

13 - Como você lida com o fracasso?
Nunca tive a vivência de um fracasso. Na vida literária, é claro.

14 - Como você lida com o sucesso?
Só tive sucesso em 1966, no Teatro Marília, em Belô.  

15 - Qual é o autor contemporâneo que, de fato, você admira? Seja sincero
Mirian de Carvalho, Sergio de Castro Pinto, Luiz Augusto Cassas, Álvaro Alves de Faria, Paulo Marcos del Greco.


Comentários

Postagens mais visitadas