MORRE JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA

 

Nunca assisti a uma peça de Zé Celso Martinez. Trabalhei de 1976 a 1979 na Rua Manoel Dutra perto do Teatro Oficina. Na época, eu era um office-boy secundarista que nem sabia o valor de um teatro. Trabalhei  perto também do teatro TBC. Sempre quando passava por esses teatros eu imaginava um mundo inacessível para mim. Era como se os artistas habitassem um mundo de deuses e semideuses. Um mundo à margem das leis dos homens. Um mundo de liberdade e permissividade. Certa feita, eu estava no auditório da Biblioteca Mário de Andrade acompanhando um ciclo de Palestras de poetas, escritores e dramaturgos. Quem organizava essas palestras ou encontros era o poeta Cláudio Willer. Num certo dia, houve a apresentação de Zé Celso Martinez. E ele discursou toda a sua loucura dionisíaca atropelando em certos momentos a própria fala. Sim! Zé Celso era o próprio teatro em vida. Houve um momento para as perguntas e eu na minha intrépida timidez resolvi fazer uma pergunta ao Zé Celso: perguntei-lhe, ou melhor, sugeri a ele a apresentação da peça O rei da vela de Oswald de Andrade na Praça da Sé. Zé Celso foi muito educado comigo, espantou-se, pelo que percebi, com a minha pergunta, chamou-me pelo nome e disse-me, se não me embaralho na lembrança, que aquela minha proposta era exequível ou melhor que ele de fato poderia fazer. Esse foi o único contato que tive com Zé Celso Martinez. Sim, se não me engano,  cheguei a vê-lo outras vezes de passagem. Agora, de fato, com a sua morte ele vai habitar o lugar que sempre foi seu, ou seja, o Olimpo dos Deuses com Sófocles, Ésquilo, Eurípides e o próprio Zeus que tenho as minhas dúvidas se não era o Zé Celso por aqui um pouco disfarçado de homem.

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