A VITÓRIA DE UM PERDEDOR
Decidiu naquele domingo ir ao Pacaembu.
Seria um clássico daqueles.
E além de tudo uma final contra o seu maior inimigo.
Não tinha filhos ou sobrinhos, muito menos amigos.
Grana também não tinha.
Mas pediu por aí emprestado.
O que valeria mesmo seria aquele campeonato.
Posto que nada ainda tinha ganhado.
Sentou-se bem longe da torcida organizada.
Nada conversava.
Só observava.
O jogo finalmente começara.
Jogo difícil.
Jogo bem disputado.
Mas percebeu, de repente, que a torcida organizada estava do outro lado da arquibancada.
O que equivale dizer que não era a mesma de sua torcida.
No final do jogo aquele atropelo.
O outro time sem maiores obstáculos levara a taça.
Do outro lado todos em uníssono gritando.
Louco, saiu correndo pelas praças com a sua bandeira empunhando.
Dirigiu-se à Paulista e à rua do Ouvidor e por lá foi assim gritando: ´Sou um perdedor! Sou um perdedor! Sou um perdedor!
Estupefatos, tentavam todos aqueles invictos compreender qual seria o prazer e o sabor daquela derrota e daquele clamor.
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