Toscos maniqueísmos

 Vivemos, no Brasil, uma polarização entre esquerda e direita, não obstante, a anarquia instaurada. Julgo essa polarização salutar. Mas não podemos confundir as coisas. Por exemplo: não creio que Pondé tenha o mesmo viés de direita de Olavo de Carvalho e vice-versa; como não acredito que ativistas de esquerda tenham o mesmo ideário de um Suplicy. Aliás, há muito que esse maniqueísmo esboroou-se no tempo; e vemos clientelismo em quase todos os pensamentos, sejam de esquerda ou de direita. E eu acho isso péssimo.E isso contamina o valor da verdade e das questões políticas. Se um pensamento vem desse ou daquele autor, já dizemos: não li, não vi, não gostei. Precisamos saber do que se trata, dos embasamentos filosóficos e não julgar pelas nossas preferências. Sabemos, perfeitamente, que Bacon imiscuiu-se em corrupção; que Nelson Rodrigues era um tipo conservador; que Machado não era um ativista egrégio de sua época, embora haja contestações; que Balzac, pelo que parece, era um monarquista; que Tósltoi, um cristão fervoroso; que Althusser assassinou a sua amada mulher num acesso de loucura; que Marx devia ao extremo; que Orides Fontela colocava seus alunos no pelourinho da sala de aula; que Paulo Francis atacava com sua verve Caetano Veloso e toda uma mpb; que Foucault num ataque de pânico correu com a adaga em punho contra um aluno contemporâneo seu em um determinado momento; que Lacan fazia sessões de poucos minutos e que surrupiava o parco dinheiro de seus `clientes`; e isso não me parece desmerecedor de seus escritos; sem falar em Einstein, Wittigenstein e outros mais. Por isso, care com o cálamo.

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