Colóquios sobre a poesia 

     Com efeito, acho demasiado inócuos, anódinos, e, muitas vezes, chatos e enfadonhos, para não dizer repetitivos, os colóquios que brotam e germinam para abordar o famigerado tema: O que é poesia?

     É evidente que além desse escopo, há escopos de outra ordem, incluindo promoções entre pares e algum, como se diz, pro-labore que de uma maneira ou outra sempre rola.

     Não nego que seja salutar a abordagem sobre o fazer poético, mas, invariavelmente, o que vemos é uma circularidade que nada acrescenta.

     Ou seja, o que um poeta diz, e acaba, por fim, não dizendo, o outro, na certa, dirá.

     Também julgo uma perda de tempo tentar explicar algo que não se consegue explicar.

     Os poetas tentam de todas as formas nos convencer de sua utilidade: que a poesia é útil e tem o seu valor.

     E a partir daí, vão à métrica, ao oximoro, à aliteração, às rimas, ao moderno, pós-moderno, desenvolvem teses, mestrados, doutorados, pós-doutorados para ao fim e ao cabo não resolver o que é a poesia.

     Eu, a meu modo, julgo que a poesia tem o seu valor.

     Eu mesmo tenho em minha pequeníssima Alexandria alguns livros de poesia desde os antigos, passando pelos modernos e pós-modernos.

     E procuro encontrar algo de valor nos poemas e ao mesmo tempo procurar compreender a mensagem do poeta: seja linguística, Derridiana, Barthiana, ou Foucaultiana.

     Ouço também ou vejo pelo youtube ou leio sobre esses colóquios e nunca me convenço e o que é pior nunca me convencem com uma explicação plausível e definitiva sobre o que é o fazer poético.

     Todavia sabemos que alguns poetas são escolhidos mais que outros, mas não sabemos por que, já que não conseguem nos convencer o que é um bom poema ou poeta.

     E isso já forma um tipo de elitização e círculo fechado, o que tende a ratificar que o fazer poético possui um télos e que esse télos pode não ser, talvez, e aí a minha dúvida, desditosamente, a própria poesia e sim os 'poetas'.

     Parece-me que há o intuito de um batismo de funil, onde são escolhidos os poetas escolhidos por outros poetas também escolhidos.

     E isso muitas vezes se dá menos pela razão crítica de uma razão poética, pois sabemos que o que menos importa à poesia é a ratio.

     E a pergunta é: qual é a razão de um poema ou de um poeta de maior valor, ao ponto de receber prêmios oriundos do erário público, ou seja, do povo?

     Se não existe um convencimento que dê um embasamento ou uma fundamentação, seria de supor que as regras podem ser refutáveis.

    Ou então de uma vez por todas que nos convençam pela razão a razão de um belo poema para pôr fim a esses prêmios e colóquios, possivelmente, de araque

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