09/08/2008
MEMÓRIAS DA VILA RÉ
Agora
pela manhã, andei conversando com um professor acerca das memórias de nossas
infâncias.
E
é evidente que depuramos, quando rememoramos, tudo o que não foi
suficientemente bom.
Andei
pesquisando no google coisas da Vila Ré, e há pouca informação.
Mas
num site todos fazem um tipo de rememoração saudosa.
Eu
também me recordo do seu Otacílio que nos ameaçava em nos deixar careca, caso
fôssemos desobedientes.
Mas
tínhamos os cabelos cortados ao modo de agora -- tipo exército americano com
aquele topetinho.
Hoje
é até comum e está na moda, mas eu detestava.
Minha
mãe hoje me diz: filho, você chorava tanto na época e os garotos até pedem para
os pais lhes cortarem desse jeito.
O
dia da minha maior felicidade foi quando me desvencilhei dos cortes toscos do
seu Otacílio e fui cortar num cabeleireiro.
Aliás,
o Néris, que eu adorava como figura humana, cortou-me num estilo bem
prafrentex.
Mudou
o meu visual.
Repartiu
o meu cabelo ao meio, que me deu um maior realce junto a algumas meninas.
Coisa
que foi crescendo, ao ponto de eu me encantar com o deslumbre até então
encoberto.
Comecei
a concorrer de perto com alguns colegas.
Descolei
uma namorada bem requisitada, depois outras paralelamente, o que me fez um
pouco narcísico e garanhão.
Conto
tudo isso para lembrar de uma das facetas da Vila Ré e de minha adolescência.
Lembra-me
também que eu gostava de ficar lá no Néris quase o dia inteiro contando coisas
de boy -- eu e os meus colegas: ´que ganhamos aquela mina no saveg, que o outro
tomou uma dispensada, que fomos na toco e impressionamos umas outras minas lá
do tatuapé´ - que para nós era o maior feito.
Lembro
de uma vez que ganhei uma mina na toco que era linda demais e ainda que estava
de míni-saia.
Os
caras pararam na minha.
E
nem eu acreditava.
Mas
era uma mina pro dono do baile.
Mas
não sei o que aconteceu.
É
que eu era mesmo desinibido e ia pra cima.
Depois
percebi que essa é uma idéia capitalista: há que investir nas commodities.
Ou:
quem não arrisca não petisca.
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