MEMÓRIAS DA VILA RÉ
Uma das figuras mais proeminentes e saudosas
da Vila Ré -- e quando digo Vila Ré,
situo, mais precisamente, a Rua Corim,
onde eu e meus amigos moravam -- foi o pipoqueiro seu
Zildo.
Seu Zildo, aos olhos de minha lembrança
momentânea, tinha um rosto angelical com um cabelo meio carapinha e um certo
bigode bem cuidado.
Ele, sobretudo nos domingos ensolarados,
adentrava a rua Corim - de forma magistral -
buzinando e anunciando os mais variados tipos de doces - que iam da famosa
paçoquinha, passando pelo doce de abóbora e às suas não menos apetitosas
pipocas.
Recordo-me dele, como meus colegas, na certa,
recordar-se-ão, de uma maneira bastante alegre.
Seu Zildo nos deixava plenos os nossos
domingos.
Ele vinha sempre entre as três e quatro horas
da tarde.
As pessoas, todas na rua ainda sem o tapete
do asfalto que veio um pouco depois.
A terra era vermelha.
Uma das minhas maiores paixões era ver o
arco-íris despontar entre aquele sol que fazia a terra exalar numa bela fímbria
de fumaça.
E quando isso acontecia, e quando o seu Zildo
também despontava, era para nós a maior alegria.
Deveras, seu Zildo mereceria um filme.
Seu Zildo foi uma das pessoas mais
fellinianas que eu conheci na vida.
Amarcord!
Dedico essa mera lembrança às minhas colegas
de infância Marisa, Meire e Mirtes que me ajudaram a conceber esssa matéria de
memória
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