El burlador barato


Sempre foi um bom moço.

Trabalhador.

Culto.

Estudioso.

Mas não adiantou.

Nos bailes era sempre preterido pelo menino mais bonito da rua.

Nas festinhas de aniversário nem nas fotos ele saía.

Estava sempre encostado na parede e sozinho.

Nem nos cadernos de recordação das meninas constava o seu nome.

Nem mesmo num ato de pura compaixão.

Os meninos todos do seu bairro zombavam dele sem ter fim.

Mais tarde, resolveu mudar a sua tática.

Virou de repente o garanhão da turma.

O seu falo por uma dessas sortes da natureza começou a enrijecer.

O diâmetro alargou-se de modo considerável.

Mas ele não notava.

Também virou uma espécie de canalha.

E ele com aquele seu jeito esquizóide parecia gato em teto de zinco quente.

Virou bolinha de mercúrio nas mãos das suas mulheres.

Virou Don Juan de la Mancha, Valentino, Casanova...

Algumas diziam da sua espessura, do raio, diâmetro e da sua ternura...

Só sabe que de uma hora para a outra começaram a lhe chamar de canalha, patife, covarde...

Hoje até lhe pedem para escrever nos seus cadernos de recordação mais íntimos...

E ele como um pífio Casanova escreve: Don Juan de La Mancha - lo incrible conquistador

de las mujeres desesperadas (canalha, vingativo, covarde).


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