Pensando sobre Kant



       Tenho me ocupado, ultimamente, a ler textos sobre a Crítica da razão pura de Kant. Dos textos que tenho lido, sinto que explicam, mas no fim, parece-me, falta alguma coisa.

       Penso que muitos que tentam explicar Kant não o compreendem muito bem, e isso os indulta e me indulta também, porque quando saiu a Crítica da razão pura, com Kant já com seus 57 anos, notou-se um certo não entender pelos seus scholars contemporâneos daquele catatau.

       Não é a minha pretensão explicar aqui Kant, e muito menos a Crítica da razão pura. O que quero fazer é procurar explicar para mim mesmo o que a crítica quer dizer.

       Eu tenho pensado comigo assim: 1 - Devo primeiro compreender o que é experiência; 2 - Depois preciso compreender o que é noumeno - palavra derivada do grego ou mesmo tentar definir noumeno para compreender experiência; 3 - Preciso saber o que Kant pretende objetivar com o seu livro e depois divagar.



        Vamos primeiro tentar definir o que é experiência: a) podemos dizer que experiência é a relação de nossos sentidos com os objetos sensíveis ( pronto: o que são objetos sensíveis?); então vamos tentar defini-los: a.1) objetos sensíveis são tudo aquilo que sensibilizam os sentidos ex: quando ouvimos uma música, o som é o objeto sensível, porque sensibiliza um dos nossos sentidos - mais especificamente a audição; portanto ouvir uma música denominamos de experiência e a experiência é uma maneira de conhecer o mundo, ou melhor, de captá-lo pelo nosso ser; isso significa dizer que o mundo é o que passa por nós, e que o mundo sem nós, Kant denomina de noumeno [o não apreendido por nós], que não sabemos o que é, Kant também o denomina de a coisa em si; o que não é a coisa em si é o fenômeno, portanto fenômeno é o que captamos pelos sentidos.

       Dito isto, precisamos compreender porque toda essa divagação tola, assim poderiam nos perguntar. E a resposta é que o mundo não passa só pelos sentidos, embora tenha que ter passado antes, porque precisamos aprender uma linguagem, língua, códigos; e tudo isso deve passar pelos sentidos; portanto é preciso dizer que não dá para pensar sem que tenhamos usado antes qualquer sentido.

       Mas como havia falado anteriormente, o mundo não é só fenômeno, ou seja, um mundo sensível; é um mundo das ideias ou que não passa pelos sentidos, vide os conceitos: alma, Deus, felicidade, número etc.

       Essas coisas abstratas, vamos chamá-las assim, são aquilo que se denomina de coisas metafísicas. E a pergunta é: é possível a metafísica ser universal e necessária? Ou seja, é possível provar essas coisas a priori? (a priori é tudo que não passa pelos sentidos); por exemplo: Deus.

       É possível provar Deus como se prova um a priori como 2 x 5 = 10?

       E por que essa pergunta?

       Porque sabemos que é possível provar que 2 x 5 = 10.

       Não pretendo provar aqui nesse espaço, mas há um método insofismável para a sua prova; todavia Deus, que também é um a priori, por que não pode ser provado?

       E Kant vai dizer que não é possível ter a metafísica uma necessidade (não contradição) e universalidade.

       Vejam, Kant não diz que Deus não existe como podem pensar os ateus mais afoitos; o que Kant diz é que a metafísica não é possível como ciência. E que matemática e física são, como já foi abordado.

       A pergunta da metafísica como ciência surge, provavelmente por ter as mesmas características da matemática que é, vamos dizer assim, teórica, no lugar de a priori.

       Mas o que precisa ficar claro é que a matemática é uma linguagem engendrada pelo homem; é o homem que cria os seus critérios e Deus não é um critério legiferado pelo homem; não confundir regras com conceitos, o homem nomeou algo de: Deus, mas não criou critérios universais, uma porque o que se entende é que Deus é um além da physis e do homem, é o que está fora ( não vamos entrar nos aspectos religiosos agora) o problema é que há uma distinção entre matemática e alguns conceitos que são considerados a priori; ou seja, Deus é um a priori, os números também, mas a identidade cessa aí.

       O que seria tema para outras tantas e futuras divagações.

       Kant simplesmente coloca o homem no lugar onde deve estar, no tópos de humildade e fica em dívida sobre a resposta sobre Deus.

wilson luques costa

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