22/12/2011
Peço permissão ao Nelson Romano para fazer essa inconfidência. Foi meu aluno. Mas o Nelson para mim é fora de série. Não liguem para o que ele diz sobre mim e para mim, porque isso é apenas um pretexto para ele desfilar toda a sua verve literária.
Olá Professor,
Mais uma vez te amolo c'os meus e-mails, para que se não perca o costume de nos falarmos. Você é um amigo que admiro muito, de quem jamais quero perder o apreço, ou o contato.
Infelizmente não pude mais estudar no Siva Prado. Tive alguns problemas que me obrigaram a trocar de período... - Concluindo, não tive remédio a não ser transferir-me para outra escola. Pensei no Gabriel, porém não me aceitaram lá. No Barão de Ramalho me aceitaram, e atualmente é la que estudo.
... A verdade é que sinto falta das tuas aulas. Sinto falta de amigos, porque lá não pude me entrosar com ninguém. Minha irmã - que também estuda lá - diz que o ensino diurno é diferente, melhor. Se Deus quiser farei uma transferência de horário.
Como o senhor deve ter percebido, o governo distribuiu uns livros de literatura pr'os alunos do ensino médio. Tive a sorte de receber as "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, o que aumentou a minha vontade de o reler, e ao fazer, relembrei da semelhança que sempre pensei existir entre esse livro e os textos do teu blogue.
Nunca disse isso ao senhor. Talvez por nunca ter me ocorrido de dizer-te quando conversávamos, mas agora o digo. E digo mais: o senhor poderia escrever um romance, e eu, com certeza, o leria.
O senhor é dono de um grande talento. Percebo-o ao conversar-te e ao ler o que escreve no blogue. Jamais esperei conhecer uma pessoa igual, e talvez jamais conheça outra. Um talento tão grande é o teu que me atrevo a fazer-te uma proposta, e é esta:
Tenho uma grande vontade de escrever uma ópera. A verdade é que eu não tenho - e jamais terei - capacidade em fazê-lo. Mas tenho uma grande vontade. Se não tenho capacidade para compor uma ópera, tenho muito menos para escrever um libreto, o que torna o caminho duas vezes mais longo e difícil - reflexão esta que quase me fez desistir da minha grande vontade. Busquei, portanto, libretos prontos, e não foi difícil encontrar coisas maravilhosas. Metastasio, Da Ponte, enfim, coisas maravilhosas. O problema é que não achei nada de maravilhoso nos libretos brasileiros. Fato que me consterna, uma vez que queria encontrar algo em português. Tentei musicar alguma coisa escrita por Camões, como por exemplo, Anfitriões ou El-Rei Seleuco, mas o texto não tem métrica nem rima - o que dificulta muito. Para concluir - e te aliviar da pena de me ler - convido-te a escrever-me um libreto em português. Pensei em José no Egito, ou Saul em Amaleque, mas deixo o roteiro à tua escolha, ou então que se crie algo novo, o que seria ainda melhor. Se aceita a proposta, me faças saber.
Durante muito tempo pensei em lhe propor isto, mas sempre hesitei. Em primeiro lugar porque pode lhe parecer que realmente tenho a capacidade de compor óperas, e em segundo, porque sei que não a tenho. Todavia - como o senhor mesmo me disse outra vez - vale a pena sonhar. Acato teus conselhos, e quero que desta vez sonhes junto comigo. Desculpe se escrevo muito, e por te fazer me ler tanto. A verdade é que gostaria de escrever muito mais, e mais ainda de te falar pessoalmente. Mas paro por aqui.
Espero repostas.
Do seu aluno e amigo
Nelson Romano
Mais uma vez te amolo c'os meus e-mails, para que se não perca o costume de nos falarmos. Você é um amigo que admiro muito, de quem jamais quero perder o apreço, ou o contato.
Infelizmente não pude mais estudar no Siva Prado. Tive alguns problemas que me obrigaram a trocar de período... - Concluindo, não tive remédio a não ser transferir-me para outra escola. Pensei no Gabriel, porém não me aceitaram lá. No Barão de Ramalho me aceitaram, e atualmente é la que estudo.
... A verdade é que sinto falta das tuas aulas. Sinto falta de amigos, porque lá não pude me entrosar com ninguém. Minha irmã - que também estuda lá - diz que o ensino diurno é diferente, melhor. Se Deus quiser farei uma transferência de horário.
Como o senhor deve ter percebido, o governo distribuiu uns livros de literatura pr'os alunos do ensino médio. Tive a sorte de receber as "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, o que aumentou a minha vontade de o reler, e ao fazer, relembrei da semelhança que sempre pensei existir entre esse livro e os textos do teu blogue.
Nunca disse isso ao senhor. Talvez por nunca ter me ocorrido de dizer-te quando conversávamos, mas agora o digo. E digo mais: o senhor poderia escrever um romance, e eu, com certeza, o leria.
O senhor é dono de um grande talento. Percebo-o ao conversar-te e ao ler o que escreve no blogue. Jamais esperei conhecer uma pessoa igual, e talvez jamais conheça outra. Um talento tão grande é o teu que me atrevo a fazer-te uma proposta, e é esta:
Tenho uma grande vontade de escrever uma ópera. A verdade é que eu não tenho - e jamais terei - capacidade em fazê-lo. Mas tenho uma grande vontade. Se não tenho capacidade para compor uma ópera, tenho muito menos para escrever um libreto, o que torna o caminho duas vezes mais longo e difícil - reflexão esta que quase me fez desistir da minha grande vontade. Busquei, portanto, libretos prontos, e não foi difícil encontrar coisas maravilhosas. Metastasio, Da Ponte, enfim, coisas maravilhosas. O problema é que não achei nada de maravilhoso nos libretos brasileiros. Fato que me consterna, uma vez que queria encontrar algo em português. Tentei musicar alguma coisa escrita por Camões, como por exemplo, Anfitriões ou El-Rei Seleuco, mas o texto não tem métrica nem rima - o que dificulta muito. Para concluir - e te aliviar da pena de me ler - convido-te a escrever-me um libreto em português. Pensei em José no Egito, ou Saul em Amaleque, mas deixo o roteiro à tua escolha, ou então que se crie algo novo, o que seria ainda melhor. Se aceita a proposta, me faças saber.
Durante muito tempo pensei em lhe propor isto, mas sempre hesitei. Em primeiro lugar porque pode lhe parecer que realmente tenho a capacidade de compor óperas, e em segundo, porque sei que não a tenho. Todavia - como o senhor mesmo me disse outra vez - vale a pena sonhar. Acato teus conselhos, e quero que desta vez sonhes junto comigo. Desculpe se escrevo muito, e por te fazer me ler tanto. A verdade é que gostaria de escrever muito mais, e mais ainda de te falar pessoalmente. Mas paro por aqui.
Espero repostas.
Do seu aluno e amigo
Nelson Romano
# Fiz alguns cortes
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