DO LIVRO CONTOS DE ARRABALDE

A ENTREVISTA / 2001

Era o terceiro dia da entrevista.
Na segunda-feira fez psicotécnicos e exames de matemática. 
Na terça fez testes orais e mais uma bateria de exames.
Estava extenuado.
Fazia três anos que dependia daquela migalha que Sonia lhe dava.
Na noite anterior teve um sono gostoso.
Sonhou a noite inteira com aquela sala mobiliada com tapetes persas e quadros europeus.
Sempre sonhara em vida com todo aquele aparato.
Só faltava uma entrevista.
Informou-se sobre o superintendente da empresa, que iria lhe entrevistar naquela manhã.
Todas as informações faziam-no exultar.
Sentia uma alegria que há muito se ausentara.
Às dez em ponto adentrou a sala de Mr. Broesntein e cumprimentou-o com um tiro na testa.
Mr. Broenstein esparramou-se sobre o chão.
Seu sangue confundia-se com o escarlate dos tapetes.
Jonas pegou da flanela e espanou a poeira da cadeira.
Sobre a mesa colocou o porta-retrato de Gracinha - sua filha.
Pelo interfone, comunicou a secretária que não quereria ser acoradado por ninguém - nem por Sonia - aquela maldita...
E a secretária respondeu-lhe: Sim, SR. SUPERINTENDENTE...! 

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