A nossa curiosidade
Recebi um e-mail fazendo uma ressalva ao me posicionamento quanto ao texto abaixo; talvez seja verdade que não nos interesse se Daniel Piza bebia, fumava ou coisas desse tipo; a resslava coloca-se nesse patamar, e eu acabo concordando quanto a isso. Sempre dizemos que a vida das pessoas não nos interessa. Não nos interessa saber se Bob Marley cheirava, ou que Jobs usou heroína, ou que Freud aviou cocaína a um próximo, ou que Baudelaire usou ópio ou coisa similar, ou que Pound era anti-semita, ou que Balzac tomava xícaras e xícaras de café, ou que Proust era um homossexual, ou que Poe vivia na sarjeta, ou que JK e Getúlio Vargas eram afeiçoados em demasia ao sexo oposto, que Borges talvez nunca tenha tido sexo ou mesmo Immanuel Kant, que Nietzsche foi parar num prostíbulo e contraiu sífilis, que Cioran tinha insônias em Bucareste, que Dostoiévski e Machado de Assis sofriam de epilepsia, que ainda Machado de Assis era pobre, taciturno e tartamudeava e que suspeitou certa vez e foi motivo de suspeitas de adultério junto a Carolina. Tudo isso para dizer que essas coisas não nos interessam e que não deveriam interessar -- tampouco aos jornalistas e biógrafos que desavisadamente nos informaram; e tampouco interessa também saber quem mo escreveu ou como eu soube dessas coisas... Viu, seu curioso?
Já não se fazem jornalistas como antigamente
Quem acompanha os meus textos sabe que eu sempre recorro a essa temática da formação; talvez porque tenha me marcado negativamente deveras; mas escrevi alguns textos levado por uma reflexão que não é incomum no que concerne ao jornalismo pastiche e mimético que é praticado hoje em dia. Vocês podem perceber que existe uma cópia das notícias com algumas alterações aqui e acolá para não dizermos que se trata de plágio. Percebi isso quando da triste e lamentável morte de Daniel Piza no sábado na véspera do ano novo. Tudo o que um blog dizia o outro dizia ipisis litteris. Eu queria saber da vida do jornalista, do modus vivendi, do que antecedeu ao avc, se tinha vícios, se reclamava de alguns problemas; ou seja, informações jornalísticas que não obtive no momento nem no domingo quando receberia a Folha em casa; mas a Folha também não chegou. Isso significa dizer que temos noticiário em tempo real, mas não temos um jornalismo minucioso, detalhado com informações precisas. Hoje se você já leu a Folha, você já leu o Estadão, a Veja e outros diários; sem dizer ainda que o jornal virou mesmo o embrulhador de peixe velho, porque tudo já estava na internet no dia anterior. Pelo que eu saiba, até hoje não fizeram a anamnese do Daniel Piza. Se ele estivesse vivo, eu juro que ele daria uma senhora bronca no patrão.
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