A nossa curiosidade


Recebi um e-mail fazendo uma ressalva ao me posicionamento quanto ao texto abaixo; talvez seja verdade que não nos interesse se Daniel Piza bebia, fumava ou coisas desse tipo; a resslava coloca-se nesse patamar, e eu acabo concordando quanto a isso. Sempre dizemos que a vida das pessoas não nos interessa. Não nos interessa saber se Bob Marley cheirava, ou que Jobs usou heroína, ou que Freud aviou cocaína a um próximo, ou que Baudelaire usou ópio ou coisa similar, ou que Pound era anti-semita, ou que Balzac tomava xícaras e xícaras de café, ou que Proust era um homossexual, ou que Poe vivia na sarjeta, ou que JK e Getúlio Vargas eram afeiçoados em demasia ao sexo oposto, que Borges talvez nunca tenha tido sexo ou mesmo Immanuel Kant, que Nietzsche foi parar num prostíbulo e contraiu sífilis, que Cioran tinha insônias em Bucareste, que Dostoiévski e Machado de Assis sofriam de epilepsia, que ainda Machado de Assis era pobre, taciturno e tartamudeava e que suspeitou certa vez e foi motivo de suspeitas de adultério junto a Carolina. Tudo isso para dizer que essas coisas não nos interessam e que não deveriam interessar -- tampouco aos jornalistas e biógrafos que desavisadamente nos informaram; e tampouco interessa também saber quem mo escreveu ou como eu soube dessas coisas... Viu, seu curioso? 



 09/01/2012 

Já não se fazem jornalistas como antigamente
Quem acompanha os meus textos sabe que eu sempre recorro a essa temática da formação; talvez porque tenha me marcado negativamente deveras; mas escrevi alguns textos levado por uma reflexão que não é incomum no que concerne ao jornalismo pastiche e mimético que é praticado hoje em dia. Vocês podem perceber que existe uma cópia das notícias com algumas alterações aqui e acolá para não dizermos que se trata de plágio. Percebi isso quando da triste e lamentável morte de Daniel Piza no sábado na véspera do ano novo. Tudo o que um blog dizia o outro dizia ipisis litteris. Eu queria saber da vida do jornalista, do modus vivendi, do que antecedeu ao avc, se tinha vícios, se reclamava de alguns problemas; ou seja, informações jornalísticas que não obtive no momento nem no domingo quando receberia a Folha em casa; mas a Folha também não chegou. Isso significa dizer que temos noticiário em tempo real, mas não temos um jornalismo minucioso, detalhado com informações precisas. Hoje se você já leu a Folha, você já leu o Estadão, a Veja e outros diários; sem dizer ainda que o jornal virou mesmo o embrulhador de peixe velho, porque tudo já  estava na internet no dia anterior. Pelo que eu saiba, até hoje não fizeram a anamnese do Daniel Piza. Se ele estivesse vivo, eu juro que ele daria uma senhora bronca no patrão.

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