Ouviu um barulho...
Apurou a audição para distinguir o ruído...
O barulho que se tinha reverberado pelo seu sótão, dissipara-se...
Ficou aguardando por mais alguns minutos outros ruídos...
O silêncio habitara de tal forma aquele lugar, que já não tinha mais esperança...
O silêncio era ensurdecedor...
Tal mutismo a incomodava...
O sótão estava emudecido há quatrocentos e trinta e sete anos...
Era insuportável para ela não ouvir nem sequer uma nota musical...
Nem um gorjeio dos pássaros...
E ela que um dia queria tanto o silêncio...
Agora queria ouvir os ruídos dos automóveis,
das motos, do concorde, dos motores, dos caminhões,
do vizinho que almadiçoara...
No cativeiro, estava condenada a ouvir o próprio grito, que desafinava em ruídos de lamento...
# Publicado em 2001.
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