Sim, Proserpina, a inópia tem aqui o seu alcoice! Aqui é a morgue restabelecida da desilusão e do desatino! Daqui os deuses foram expulsos! Só nos restaram restolhos dos deuses sucumbidos! Habitamos o fundo de um mar perdido! Corremos em busca do que desconhecemos e do que tememos desconhecer! Interrompamos essa farsa no meio do caminho para que outro possa recontá-la como se fosse uma nouvelle vie or new age! A novidade esgarçou-se e esta serenidade que supúnhamos ter também se esgarçou! O seu mais rijo estofo foi carcomido pelos vermes do desespero! Hoje maquiamos os nossos flagelados rostos! Escondemo-nos atrás dessas pilastras obscuras! Dessas máscaras: etiquetas, fashion, austeridade, dignidade, cortesia, amour, friendship! Cobrimos nossos corpos desde quando demos o primeiro salto do útero! Queremos voltar ao útero de nossas verdadeiras mães! Mas quem disse que a pátria é a nossa mãe? Somos apátridas e acéfalos! Desconhecemo-nos em nossos próprios territórios e a quem reconhecemos invadimos incontinenti sem nenhuma postergação as suas fronteiras! Somos seres belicosos! A guerra é o nosso fulcro! Guerreamos em nossos próprios lares! Guerreamos no estrangeiro! Guerreamos com o inimigo e com o amigo! Guerreamos com os nossos fantasmas! Guerreamos com o espelho! Estamos sempre barganhando esses nossos corpos decrépitos! Oferecemos os nossos corpos como oferenda! Mas quem se interessa, Proserpina?

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